terça-feira, 20 de setembro de 2011

HOSPITAL SALGADO FILHO

UMA UNIDADE DE SAÚDE EM ESTADO TERMINAL

Olá pessoas!!

Meu final de semana foi bastante movimentado. Na sexta-feira minha tia que tem quase 80 anos, sofreu um derrame e, como ela não tem plano de saúde e nem é dirigente de time de futebol, teve que ser removida para o Hospital Salgado Filho, no Méier/RJ.

Pela idade avançada e falta de mobilidade, ela precisa ter acompanhante. Na noite de sábado para domingo fiquei com ela, uma verdadeira noite de terror digna de um bom filme para Hollywood.

Cena 1: Vocês já ouviram falar em enfermaria vermelha? Eu explico, foi uma maneira que a saúde pública encontrou para “jogar” os pacientes em um “curral”, enquanto estão na fila de espera para uma vaga na UTI.

Cena 2: Uma espaço totalmente aberto, invasivo, de um lado ficam os homens e do outro as mulheres. Juntos e misturados. Apenas o posto da enfermagem entre eles.

Cena 3: A equipe de enfermagem, um caso a ser comentado detalhadamente. Eu sou da opinião que, se você não está satisfeito onde trabalha, saia pois ninguém é insubstituível.

As “Senhoras” enfermeiras são de uma sutileza comparada ao estouro de uma boiada. O paciente não pode beber água a noite para não precisar ficar trocando a fralda; o acompanhante não pode pedir nadaaaaaaa, nem mesmo para medir a temperatura do paciente, senão ele leva um “coice” acompanhado de palavras de baixo calão. Por falar nisso, palavrões fazem parte do dialeto da enfermagem, dane-se quem estiver ouvindo. Não são aqueles palavrões que costumamos ouvir na televisão, são palavrões (Uma palavra de baixo calão, popularmente conhecida como palavrão, é um vocábulo que pertence à categoria de gíria e, dentro desta, apresenta chulo, impróprio, ofensivo, rude, obsceno, agressivo ou imoral sob o ponto-de-vista de algumas religiões ou estilos de vida) que até mesmo um bêbado de botequim não costuma falar. Mas faz parte do português coloquial deles. Por aí imagina-se de onde saíram aquelas pessoas.

Sabe, a sensação que se tem é a de que elas estão nos prestando um enorme favor em estarem ali. Cuidado, acolhimento e humanização são coisas totalmente desconhecidas por elas. Juro que “choquei”!!!

Cena 4: Capacidade de lotação do espaço – enquanto tiver espaço para colocar, até mesmo um paciente sentado em cadeira, pode entrar que a sala é sua. Um espaço com capacidade para 20 pacientes, tem mais de 80. Até 2 pacientes sentados em uma única cama, se vê lá. As macas são coladas umas nas outras. Quando é preciso fazer a medicação de um paciente, existe toda uma manobra de empurra pra lá, junta aqui, afasta pra li, etc., parece um quebra cabeças daquele que a gente vai girando para combinar as cores.

Cena 5: A higienização do local...............prefiro não comentar para não chocar mais ainda.

Cena 6: Avisos da enfermagem: “ senhores acompanhantes, favor trazer roupa de cama para o seu paciente e ajudar aquele que não tem acompanhante”, ou seja, “trabalhem por nós pois vamos dormir”.

Cena 7: Perguntar à enfermagem qual a medicação que está sendo usada no paciente, é altamente ofensivo. Acompanhante não pode saber de nada. Se eles doparem o paciente ou ministrarem alguma medicação incorreta, você nunca vai saber. Corre risco de ser agredido fisicamente se fizer tal pergunta.

Cena 7: A fila no corredor – vez em quando eu ia até a lanchonete interna do hospital, para tomar um café pois o frio estava insuportável. Cada vez que passava pelo corredor, a fila de macas ia aumentando. A coisa é tão grotesca, que você tem a sensação que está em um hospital de campanha no Afeganistão. Os pacientes vão à óbito e a enfermagem só observa horasssssssss depois, caso ele não tenha acompanhante. Isso aconteceu inúmeras vezes, até mesmo dentro da “sala vermelha”. Quando a enfermeira ia fazer a medicação, o paciente já estava frio e enrijecido............terrível!!

Cena 8: O trato da enfermagem com os pacientes na hora da medicação. A medicação era injetada diretamente na entrada do acesso do soro, sem nenhum cuidado, sem verificar se a agulha ainda estava na veia ou não, então era uma gritaria só de dor. Além da velocidade com a qual a medicação era injetada, dane-se se está na veia ou não!!!

Cena 9: é terminantemente proibido pedir qualquer coisa, digo, informação, a alguém, médicos ou enfermagem, que não esteja “dentro do seu quadrado”. Simplesmente não te dão nenhuma resposta ou apontam o dedo para uma outra pessoa.

Cena 10: A pior de todas, lembram-se quando falei “juntos e misturados”, isso aplica-se também as patologias. Naquele local tinha do braço quebrado a TB (tuberculose), pacientes com septicemia causada por alguma bactéria desconhecida, outros em estado vegetativo, outros com infecções ainda não definidas a causa, etc., um verdadeiro “circo dos horrores”. O odor do local determinava bem o alto risco de contaminação.

Agora eu pergunto; Sr. Prefeito Eduardo Paes, o senhor já entrou na sala vermelha do Hospital Salgado Filho? Já teve algum parente que precisasse da emergência de um hospital público? Acredito que não, pois vocês possuem um bom plano de saúde e correm logo para um hospital particular. Vai aqui uma sugestão, experimente um dia uma dose do seu próprio veneno!! Seja um simples mortal por um dia dentro de um hospital público, seja pobre por um dia.

Parabéns Sr. Sérgio Cabral!!! Lá fiquei sabendo que todos estão aguardando a sua “tentativa” de reeleição. Uma granja só não será suficiente para fornecer a quantidade de ovos que estão sendo encomendados........

Sandra do valle



http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra_de_baixo_cal%C3%A3o em 20/09/2011

4 comentários:

  1. Sandra, como faço para falar com você in box?

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    1. Olá "Anônimo"
      Me envie um e-mail para o seguinte endereço: sdovalle@globomal.com
      Abçs

      Sandra Do Valle

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  2. Boa noite Sandra!!

    Você conseguiu descrever com fiel perfeição aquele circo dos horrores.Eu passei um mês e 13 dias e exatamente no dia 10/05/2012 o meu marido faleceu,vítima de septicemia,pneumonia e e diziam eles tumor vertebral e vítima ainda mais do descaso ,pois se ele estava com septicemia porque não foi removido para uma u.t.i ?.A tal da enfermeira chefe da neurocirurgia,assim que meu marido faleceu ,ele ainda estava na cama do hospital.ela chegou perto de mim só pra me tomar o crachá. Aquelas pessoas que ali trabalham ,elas não são humanas!

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