sábado, 11 de maio de 2013

PARABÉNS PARA QUEM SABE SER MÃE


Solidão

                Passei boa parte da minha juventude "gestando". Tive três filhos em um intervalo de 1 ano e 8 meses entre eles. As três gestações foram de alto risco, não para os bebes e sim para mim. Na primeira tive problemas de hipertensão, eclampsia e hemorragia pós-parto. Após o susto, fui aconselhada a não ter mais filhos. Mas, sou teimosa, abusada e sempre acreditei em Deus. Então parti para a segunda gestação.........terrível!!! A placenta se alojou na parte baixa do útero (conhecido como placenta prévia), tinha ameaças de aborto, muito repouso até que meu médico resolveu “amarrar” o colo do útero para poder prosseguir com a gestação.
                Meu segundo filho teve sérios problemas respiratórios ao nascer, precisou de UTI neonatal, sempre foi muito frágil, vivia doente e quase morreu quando tinha 18 meses, por conta de uma infecção bacteriana. Foram dias e noites sem dormir, cuidando para que o pior não acontecesse. Nesse período, eu já estava grávida novamente. Minha preocupação com o meu bebe doente foi tanta que me esqueci de cuidar de mim. Quando descobri, eu já estava grávida de cinco meses, mesmo amamentando meu filho, pois era o único alimento possível para ele, eu engravidei (é lenda essa idéia de que mulher que amamenta não engravida).

                Pessoas, foi mais um dramalhão, a gestação foi muito arriscada. Após o 5º mês, eu tinha contrações constantes. Passava uma semana em casa e duas de repouso no hospital pois, segundo meu medico, “meu útero parecia uma renda de tão frágil”. Eu corria o risco de morrer junto com meu bebe, mesmo dormindo. Não podia fazer nenhum tipo de esforço. Imaginem uma situação assim, com outro bebe doente pedindo meu colo o tempo todo!!!! Quando completei o 8º mês, ela nasceu em uma linda noite de lua cheia.

                Embora tenha feito cesariana nas três gestações, eu entrava em trabalho de parto e, posso garantir para vocês que a última foi a que me fez saber o que realmente é dor de parto!!!  A bichinha judiou de mim antes de nascer .......rsrs

               Diante das dificuldades em conciliar trabalho x filhos x marido x empregada, quando a caçula fez dois anos eu optei por abrir mão da minha vida para viver em função da vida deles. Não me arrependo.
              Acompanhei cada passo, cada descoberta de uma palavra, cada lágrima na porta da escolinha, cada sorriso ao abrir uma caixa de presentes, apartei cada briga entre os três......uffa, não foi fácil!! Pena que passou tão rápido........

             Sinto falta daquele coral: “manhêeeeeeee, quero Muky na mamadeiraaa”. Sinto falta das comparações engraçadas que eles faziam: “ minha vó preta (era minha mãe) e minha vó vermelha (era minha sogra, pois ela era ruiva). Sinto saudades daquele monte de chupetas amarradas em uma fralda (uma ficava na boca, a outra coçava o nariz e a terceira era para ficar apertando). Lembro da pia da cozinha, a noite, cheia de mamadeiras. Eram três para cada um. Minha mãe quando chegava lá em casa dizia: “cruzes, quem come a noite é cavalo !!”..........kkkkkkkkkkkkkkk

             Naquela época, não havia essa facilidade de hoje em se comprar fraldas descartáveis. Só existia uma marca e era artigo de luxo, só para ocasiões especiais tipo, quando tinha que sair de casa com os três. Lavei muita fralda de algodão da Nova América, lembram??

            Pois é meus amigos, onde estão minhas crianças?

            Sei que não fui a mãe que eles queriam, fui a mãe que eles precisavam mas, infelizmente, eles não entenderam isso. Apelidaram-me de “sargentão”...........rsrs

            Se hoje eles estão afastados de mim, eu não os culpo. Eu não aprendi a ser mãe, e para não cometer os mesmos erros que minha mãe, eu cometi outros. Quando a maturidade chegar para cada um deles, creio que entenderão isso, mesmo que seja tarde demais.

            Se não tenho filhos biológicos próximos a mim, tenho filhos adotados de patas e pelos que, todo tempo, fazem questão de demonstrar o amor que sentem por mim.

            Quero dizer aos meus filhos biológicos que tenho muito orgulho deles, que o método “sargentão” para alguma coisa serviu. Que eu os amo muito com esse meu jeito torto de amar. Como falei antes, não aprendi o que é ser mãe e nem como demonstrar amor por um filho, por tudo isso peço perdão a vocês................tentei.

Sandra do Valle