segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O QUE É PERDA PARA UNS, É GANHO PARA OUTROS

Olá Pessoas!!

Passei por momentos tristes e difíceis nos últimos dias. Uma tia muito querida partiu para outro plano. Graças a DEUS o sofrimento dela foi rápido, para uma pessoa que sofreu um AVC aos 79 anos.

É a ordem natural das coisas, nascer, viver e morrer. Mas, por mais natural que seja, a hora do “desenlace” é sempre muito dolorosa.

Vou relatar para vocês como foram os últimos momentos que passei ao lado da minha tia amada. Ela começou a passar muito mal lá pelas 7hs da manhã do dia 13/10 (quinta-feira), quando nós estávamos preparando-a para levá-la ao laboratório para fazer uns exames de rotina. Por decisão unânime, fomos direto para a emergência do Hospital Municipal Miguel Couto. Quando lá chegamos, ela foi prontamente atendida, digamos que tivemos muita sorte diante de tudo que temos visto na mídia, com relação a atendimento hospitalar no Rio de Janeiro.
Infelizmente ela não resistiu e tivemos que passar por todo aquele processo de dor e desespero. É exatamente nessas horas que os “abutres” aparecem.

Eu não sei se todos conhecem a nova nomenclatura hospitalar para identificar o grau de atendimento dos pacientes!!!! Para mim foi uma grande novidade. Agora o paciente é classificado, conforme seu estado de saúde, da seguinte forma: paciente da sala vermelha, da sala laranja, sala amarela e sala verde. Mas ele entra no hospital pela sala de reanimação, dali ele vai para uma dessas salas ou para o necrotério. Foi o que aconteceu com minha tia, ela foi a óbito na sala de reanimação...........infelizmente.

A única pessoa com a cabeça no lugar, naquele momento, era eu. Então comecei a tomar as devidas providências burocráticas dentro do hospital, para a liberação do corpo.
Após receber o atestado de óbito assinado pelo médico, pediram que eu fosse apresentá-lo à administração. Chegando lá, um senhor de meia idade, com o pulso coberto de correntinhas em ouro, dois anéis enormes, também em ouro, pediu que me sentasse enquanto ele preenchia um documento baseado nas informações do atestado assinado pelo médico. Foi então que “adentrou” a sala, uma senhora encurvada, cabelos desalinhados, usando uma bermuda surrada, uma blusa velha e encardida, sandálias de borracha já bem gastas, os pés muito sujos, as unhas piores ainda, falando alto, resmungando algumas coisas que eu não consegui entender e, apontando para mim, perguntou ao “senhor dos anéis”: é ela? Fiquei espantada com a pergunta, e mais ainda quando ele respondeu que sim. Foi então que ele dirigiu-se aquela figura estranha, que mais parecia uma bruxa saída de algum pântano e “sentenciou”: “leva ela, apontando para mim, para a sala do luto” !!!!!????????

Minha outra tia, irmã da que havia acabado de falecer, que estava me acompanhando naquele longo e doloroso passeio dentro do hospital, olhou-me espantada tanto quanto eu. Fiquei pensando, “o que seria essa tal sala do luto?” Mas não foi muito difícil de adivinhar, uma vez que é público e notório que, se existe a possibilidade de morte os abutres ficam ao redor.

Fui quase que arrastada pela senhora dos cabelos arrepiados, para a tal SALA DO LUTO. Mais uma sala que faz parte daquele complexo hospitalar. Ao chegar, um senhor muito simpático, de cabelos grisalhos e com uma falsa postura de quem compartilhava meu sofrimento, disse-me com muito cuidado: “a senhora é a pessoa responsável pela falecida?” Apenas acenei a cabeça confirmando. Então ele começou: “.....bom, a senhora sabe que é preciso liberar rapidamente o corpo e nós temos uma equipe especializada para cuidar disso e ........” Não deixei ele terminar. Fui curta e grossa: “Agradeço, mas não precisamos dos seus serviços, temos plano funeral”. Minhas palavras caíram como um balde de água fria na fogueira. Ele ficou passado e olhou com um olhar severo para aquela senhora que me levou até lá. Ela tentou se justificar: “ eu não sabia que ela tinha plano “. Então deu um tapinha em meu ombro e falou: “ porque você não disse que já tinha plano?” Eu respondi com outra pergunta: “Você me falou porque estava me trazendo aqui?”.

Pessoas, resumo da ópera. A tal SALA DO LUTO, não passa de um ninho de abutres esperando os parentes de pessoas que faleceram ali, naquele hospital, que estão totalmente desinformadas, desesperadas pela dor e, muitas vezes, sem nenhuma experiência nesse tipo de situação, que não era o meu caso, para extorquir dinheiro, cobrar serviços funerários com valores muito acima de qualquer tabela, justificando tal absurdo com a desculpa de que os parentes não precisam se preocupar com nada e que tudo fica por conta deles.

Deveria haver uma fiscalização rigorosa nos hospitais, para limpar essa raça podre que vive da exploração da dor alheia.

Tem um detalhe super importante, que não posso deixar de comentar. O zelador do Cemitério do Cajú tem uma PIKAP S10, completa, 2011, e ainda utiliza um adesivo de deficiente físico, para também poder usufruir de vagas especiais.........

Que país é esse???????

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