segunda-feira, 18 de outubro de 2010

VOLUNTARIADO OU SACERDÓCIO?

Olá pessoas!!
Ser voluntário é uma prova que podemos comparar ao reality Hipertensão.
É exercer seu lado Zen, sua tolerância, sua capacidade de engolir cobras, sapos e lagartos.
É acreditar que o ser humano, independente do seu nível cultural e social, vai entender o que você está fazendo por ele, para ele.
É acreditar que você terá, no mínimo, um sorriso de agradecimento.
É acreditar que quando você solicitar ajuda, vai obter resposta imediata.
É acreditar que “o mundo” compreende o que você está fazendo.

Pessoas, a verdade é que ser um VOLUNTÁRIO, é um Sacerdócio, é ter um Dalai Lama dentro de você, e repetir todos os dias: “Pouco importa o julgamento dos outros.Os seres são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas, satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro...”. Palavras sábias, não?
Mas, infelizmente, existe o lado negro da força............
Quando você pensa que pode contar com a ajuda das pessoas para as quais você está batalhando, brigando, cobrando direitos e se expondo por elas, essas mesmas pessoas não dão a mínima para a sua solicitação, não respondem aos seus e-mails, não colaboram em nadaaaaa. Apenas uma minoria “chega junto”.
Agora entendo algumas pessoas que estão nessa estrada há algum tempo, quando dizem que, de vez em quando, sentem uma enorme desilusão e vontade de largar tudo.

Tenho uma amiga que também é voluntária, e tem uma percepção incrível, até porque ela é deficiente visual. Uma vez ela disse-me: “Infelizmente, são poucas as pessoas que se “doam” por alguma causa, sem pedir nada em troca. A maioria só quer saber de colher algum benefício e não retribuem com nada”, e é verdade.

Pessoas, disponibilizei até meu telefone de casa para que todos sintam-se a vontade para pedir qualquer tipo de ajuda, e é só isso que acontece........ cobrança, cobrança e mais cobrança. Na hora em que preciso de algumas informações para tentar melhorar a nossa qualidade de vida..........silêncio mortal!!!!!

Até que ponto você poder ser tão altruísta?

Às vezes fico me perguntando: seria esse meu voluntariado, militância, guerrilha, etc., uma fuga da minha vida pessoal?
Até que ponto meu voluntariado interfere em minha vida particular ou vice-versa?
Juro que não parei para pensar em respostas, apenas sigo o meu caminho usando como limite a minha saúde. Às vezes nem isso.

Desculpem-me pelo desabafo, mas eu precisava falar, falar e falar (entendam escrever). Agora vou explicar a razão de tudo isso.
Eu estou trabalhando em uma pesquisa que faz parte de um trabalho que pretendo enviar ao Congresso de HTLV que vai acontecer em breve. É preciso que os médicos, pesquisadores e infecto-neurologistas saibam o que acontece do outro lado de suas mesas. Que não somos apenas pacientes e sim seres humanos, que precisam de um pouco mais de atenção às suas mazelas.
Em busca de informações enviei um questionário, por e-mail, para um considerável número de pacientes. Não recebi nem 0,05% de volta com as respostas. Assim fica impossível provar alguma coisa e brigar por ela. Mas, tenho certeza que serei “cobrada” de respostas e soluções para o determinado problema.

“É engraçado como depositamos tanta confiança e tanto sentimento nas pessoas. Em pessoas que achávamos conhecer, mas, que no fim, só mostraram ser iguais a todos. E por esperar demais, sonhar demais, criar expectativas demais, sempre acabamos nos decepcionando e nos machucando cada vez mais”. (Dalai Lama)

Bjs a todos

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